VÍCIO DIGITAL - A REVIRAVOLTA DO CONSUMIDOR NOS EUA
- Leonardo Borges Lages
- 6 de nov.
- 2 min de leitura

Nos Estados Unidos, distritos escolares e famílias estão unindo forças em ações coletivas contra grandes empresas de mídia social, buscando responsabilizá-las por danos psicológicos e comportamentais causados a crianças e adolescentes. O foco das ações se deslocou do conteúdo publicado para o design das plataformas, questionando se suas estruturas — como rolagem infinita, notificações automáticas e sistemas de recompensas — são responsáveis por gerar uso compulsivo e dependência digital.
Mais de 2.000 famílias e inúmeros distritos escolares alegam que esses mecanismos de engajamento aumentam os índices de ansiedade, tempo excessivo de tela e problemas disciplinares em jovens, dificultando o trabalho de educadores.
Os advogados das vítimas têm fortalecido suas ações com testemunhos de especialistas — pediatras, neurocientistas e psicólogos —, além de evidências internas das próprias empresas. Em um caso na Califórnia, engenheiros do WhatsApp reconheceram um aumento de 17% no tempo médio de uso após mudanças na interface. Já em Nova York, escolas registraram recordes de encaminhamentos a aconselhamento psicológico após o Instagram promover desafios virais.
Em resposta ao problema, alguns estados começaram a agir: Minnesota exigirá que plataformas exibam alertas de saúde mental, enquanto Califórnia e Nova York estudam leis de advertência sobre riscos do uso digital.
Nos tribunais, histórias pessoais dão rosto aos números. Um caso emblemático relata uma estudante que faltou quase 50 dias de aula após mudanças no sistema de notificações, o que desencadeou uso excessivo e distúrbios de sono. Em Nova Jersey, escolas pedem “feriados digitais” diante de crises de privação de sono provocadas por alertas noturnos de vídeos virais.
Especialistas afirmam que o futuro desses processos definirá os limites da responsabilidade tecnológica. O debate não gira mais em torno do que as plataformas permitem, mas de como suas escolhas de design estão moldando o comportamento, a saúde mental e o bem-estar de uma geração inteira.



Comentários